sábado, 30 de maio de 2020

Regresso ao Pré-escolar. E agora, como devo preparar o meu filho?

Brincar, saltar, correr, aprender, socializar, valorizar e sentir, são algumas das palavras que associamos sempre que é abordado o tema da aprendizagem e crescimento infantil.

Neste momento, estas são também as palavras que assombram o pensamento de muitas famílias e profissionais da educação, agora que se prepara o regresso ao ensino pré-escolar, no próximo dia um de junho.

Nesta nova fase escolar e depois de um período de isolamento social e do gradual processo de desconfinamento, chegou o momento de voltar à escola. Chegou o momento de transpor o muro dos afetos para finalmente brincar com os amigosescutar a palavra terna do educador, o gargalhar do assistente operacional e sonhar com a história alegre contada pelo animador.

Com todas as mudanças que se impõem para naturalmente garantir a segurança e bem estar das crianças e da comunidade educativa, será que existe alguma hipótese de colorir este caminho de regresso com tons alegres, como as cores do arco-íris que tanto nos brindaram de esperança nos momentos mais cerrados do isolamento social? Ou será que continuaremos a considerar este processo de retorno à “nova” realidade escolar como negro ou salpicado de tons cinzentos?

Uma coisa é certa, realmente vão existir procedimentos novosrotinas diferentesmas a essência da educação brindada de afetos e emoções continuará a existir e nesta fase vamos aprender e ensinar a sorrir com os olhos e a abraçar com o coração.

É perfeitamente natural experimentar uma sensação de “nó no estômago”, ansiedade e receio pelo processo emotivo e social que se avizinha. Na verdade, o lugar especial onde outrora as nossas crianças gostavam de brincar, de explorar emoções e criar aventuras…é agora um espaço abarcado por novas regras que parecem beneficiar a saúde em detrimento do brincar e dos efetos, mas será possível dissociar bem-estar e emoções?

Muito se escreve, muito se lê, muito de diz e muito se contradiz em relação a este tema, efetivamente o regresso ao pré-escolar é controverso. A verdadeira base da escola é a socialização, a promoção dos afetos e da ligação com os outros: crianças e adultos.
 Vários estudos indicam com clareza que o processo de aprendizagem está intimamente ligado e é nutrido pela qualidade das relações estabelecidas com os outros, pelo brincar, explorar, criar e pela gestão das emoções.

Para um regresso o mais tranquilo possível ao pré-escolar é então muito importante esclarecer qual o papel da família e dos profissionais integrantes no ensino pré-escolar.

Na família a criança aprende a enfrentar desafios, a saborear conquistas e a abraçar a vida, assim para um retorno calmo, ancorado em memórias felizes e curiosidades otimistas cabe aos pais explicar de forma tranquila e com uma linguagem simples e clara algumas novidades.

1.  Utilização de máscaras por parte dos adultos. É essencial prevenir a surpresa das crianças em relação à imagem visual dos adultos que já conhecem e com os quais deverão ter uma ligação afetiva segura. Cabe aos pais explicar que por motivos de segurança, tal como o pai ou mãe, cobrem o rosto com máscaras quando vão por exemplo ao supermercado, também o educador, o assistente operacional e o animador irão proteger os meninos e meninas utilizando máscara.  Aproveitem para exemplificar e mostrar com se pode sorrir com os olhos. É igualmente importante esclarecer que as crianças não irão utilizar máscara.  

2. Baú das emoções. Os receios, medos e angústias devem ser partilhadas no seio familiar. Assumir “fantasmas”, promoverá a desconstrução de medos infundados, dando lugar a um sentimento de tranquilidade e segurança no momento da transição do pai para o educador. A criança deve exprimir as suas expetativas e sentimentos em relação ao regresso à realidade escolar.

3. A entrada na escola. É importante clarificar que a partir do dia um de junho, o processo de entrega da criança é realizado na entrada da escola. Esta é uma mudança que poderá causar alguma ansiedade, deste modo, é importante esclarecer que é uma nova regra da escola. Os pais continuam a despedir-se dos filhos, continuam a entregar os filhos ao cuidado dos adultos que trabalham na escola e nos quais confiam, mas não existe entrada no estabelecimento escolar.

Os brinquedos ficam em casa. Indique que esta é uma informação dada pelo educador. Os brinquedos pessoais deverão ficar em casa. Na escola existem muitos brinquedos com os quais poderão voltar a brincar com os amigos.


Para auxiliar a transmissão destas mudanças, os pais deverão transformar o momento informativo, num momento lúdico. Podem por exemplo optar por apresentar as mudanças fazendo desenhos, ou explorando as novas regras através de uma conversa entre brinquedos.

Na realidade o essencial é explicar de forma clara e se possível empregando um toque de humor e diversão às novas alterações de rotinas

Lembre-se, a primeira etapa para a promoção da tranquilidade parte do seio familiar e as crianças são autênticas “esponjas emocionais” absorvendo facilmente as emoções dos adultos que as rodeiam.


E quais as informações que são exclusivamente da responsabilidade do educador de infância?

Questões como novas atividades que poderão surgir no contexto de sala de aula, os cuidados no contato entre crianças, as rotinas de limpeza e higienização, deverão ser aspetos a abordar apenas pelo educador.

Neste seguimento serão adotadas pelo profissional estratégias e modelos de comunicação mais adequados às características do grupo turma e assim em simultâneo todas as crianças terão acesso a informações relacionadas com as rotinas da sala de aula, treinando novas habilidades e capacidades.

As crianças são autênticos mestres na arte da adaptação. A nós adultos: pais e profissionais cabe-nos o papel de agentes inspiradores, ensinando as nossas crianças a saborear novas conquistas e aprendizagens, fortalecendo a capacidade de resiliência e a sua autoconfiança.

Para qualquer questão e apoio necessário as famílias dos alunos que frequentam o ensino pré-escolar no Agrupamento de Escolas Silves Sul poderão solicitar apoio ao gabinete de psicopedagogia através do serviço de psicologia escolar.

texto e publicação de autoria de Mara Guerreiro
Psicóloga Escolar
Gabinete de Psicopedagogia
Agrupamento de Escolas Silves Sul